ATO I - DA TEMPESTADE
Tem dias em que eu mesma,
Duvido de toda crença,
Moral ou boas maneiras.
E de que ainda exista em mim
Ou, em qualquer lugar que seja,
Alguma coisa boa.
E duvidando disso tudo,
É que me esqueço até perder-me,
E me desespero por notar viver,
Na angústia dos infindáveis porquês,
Que essa desesperança traz.
Então me vejo seca, fraca e nula,
Descrente da existência de qualquer coisa que não seja a carne,
De qualquer coisa que não seja nós, medíocres mortais.
E essas vezes quase sempre são,
Nos momentos em que mais preciso e quero,
Saber, ouvir ou sentir,
De alguma força além de mim,
De alguma coisa maior que nós.
ATO II - DA PRECE
Que bom seria que alguém,
Desse universo tão vasto e desconhecido,
Pudesse nos revelar em fim,
Acalmando essa ânsia quase enraizada,
O propósito de estarmos assim,
Tão apáticos, confortavelmente sem ação
E mais uma vez nada acontece,
Mais uma prece não correspondida,
E mais dias vamos vivendo,
Acostumados com o grito silenciado.
ATO III - DA PRECIPITAÇÃO
Mas eis que decido desafiar,
Toda a inércia do universo,
E retirando-me do confortável fingir não sentir,
Em impulso frenético em meio à madrugada,
Convencida de que todo o desejo deve ser saciado,
Salto rumo ao desconhecido e ouso dizer,
O quanto seria bom que estivesse junto a mim.
E por momentos isso me alivia,
Até o despertar do dia seguinte,
Quando o dia insiste em acordar,
E trazer aos meus olhos perplexos,
Todas as respostas que desistira saber,
Quando decidida te procurei.
ATO IV - DA DECISÃO
É Gargalhando de mim,
Depois de desconsiderada sua importância,
Que o Universo responde na realidade,
Ironicamente por terceiros,
Que o silêncio entre nós,
Sempre foi a melhor opção.
Não serei mais eu a te sorrir,
Nem mais eu a te procurar e admirar,
Entendo agora que amanha,
Também não quero ser aquela,
Que hoje aceita que volte e finja amar.
Vai, e definitivamente te afasta de mim,
Atende o telefone que já é de manhã,
Que desesperada alguém na linha,
Te espera para o café.
Que desesperada alguém na linha,
Te espera para o café.
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